Será talvez um dos mais antigos pigmentos produzidos pelo homem, sendo a sua síntese descrita tanto na enciclopédica obra de Plínio (séc. I) como por Vitrúvio (contemporâneo de Júlio César, séc.I ). Obtém-se por aquecimento do branco de chumbo a uma temperatura entre 300-480ºC. No tratado medieval português, O livro de como se fazem as cores, também encontramos uma receita para a sua produção.
No Cancioneiro da Ajuda é utilizado nas vestes dos figurantes, mas também em elementos arquitetónicos, como no arco sobre as figuras.
Tal como acontece com o branco de chumbo, em certas iluminuras, observa-se o seu escurecimento devido à sua degradação.
 

Este sulfureto de mercúrio é talvez um dos pigmentos mais importantes em Arte, tendo sido usado desde a antiguidade até ao séc. XX. Nesse século, preocupações ambientais acarretarão a sua substituição, nas cores para artista, por modernos pigmentos orgânicos.
A receita para a síntese do vermelhão é trazida para a Europa pelos árabes (por reação de enxofre com mercúrio). A partir do séc. XII a sua descrição nos tratados é generalizada, como por exemplo, no Mappae clavicula, Teophilus ou n’ O Livro de como se fazem as cores. Quando na Europa ainda se desconhecia o processo alquímico para a sua produção, o vermelho de vermelhão era obtido por purificação do mineral cinábrio, extraído de várias minas na Europa, sendo a mais importante a de Almadén, em Espanha.
No Cancioneiro da Ajuda é utilizado nas vestes dos figurantes, mas também na arquitetura, em particular nos telhados dos edifícios.
 

A cor rosa produzida pelo pau-brasil é, neste contexto, uma cor de luxo devido à raridade deste corante, resultante das pequenas quantidades importadas no séc. XIII. Com origem no sudoeste asiático, desde o séc. XI que nos chegam registos da sua importação para a Europa.

Este rosa é uma das cores principais no Cancioneiro da Ajuda, presente tanto na arquitetura como nas vestes. Normalmente aplicada como um rosa claro, é modelada com um verniz proteico que lhe satura a cor. A sua opacidade é obtida pelo uso de aditivos como o gesso, e o seu tom claro pela mistura com branco de chumbo. Mas as cores obtidas a partir do pau-brasil podem ir de um vermelho escuro, a tons rosa ou púrpuras. A sua aplicação como rosa mais escuro é observada nas vestes do nobre no fl 59.
A sua identificação no Cancioneiro da Ajuda será um dos exemplos mais precoces do seu uso na arte europeia. Nos sécs. XIV e XV, foi uma das cores mais importantes dos Livros de Horas de produção francesa e flamenga.
 

A partir de finais do séc. XIII, muito em virtude da perigosidade do amarelo de ouropigmento (feito a partir de arsénio), os amarelos sintéticos dão entrada na paleta medieval, como este ouro musivo. Tanto pela informação recolhida em tratados técnicos de referência, como pela sua identificação em obras de arte, sabemos que estes amarelos integram a paleta do artista no séc. XIV. As receitas para a sua produção química assentam em dois ingredientes base: o estanho e o enxofre.
O uso conjunto do ouro musivo e do ouropigmento (ainda usado no Cancioneiro, embora nunca isolado, mas sempre em sobreposições ou misturas)  permite propor como data de produção deste manuscrito: finais do séc. XIII-inícios do séc. XIV.
No Cancioneiro da Ajuda o ouro musivo é aplicado em apontamentos dourados, no arco que enquadra as personagens e em instrumentos musicais.

Com exceção dos verdes, as cores são aplicadas como cores puras. Os verdes constroem-se por justaposição de um tom escuro (um azul ou negro) e o amarelo de ouropigmento, em combinações designadas de vergaut. Neste verde 1, o tom escuro é dado pelo negro de osso.

Este verde é aplicado, em exclusivo, nos motivos vegetalistas dos capitéis, num minucioso matiz, onde o artista trabalha as sombras pela sobreposição de ouropigmento no negro.

Com exceção dos verdes, as cores são aplicadas como cores puras. Os verdes constroem-se por justaposição de um tom escuro (azul de índigo ou lápis-lazúli ou negro) e o amarelo de ouropigmento, em combinações designadas de vergaut. Neste verde 2, o tom escuro é dado pelo índigo.

Este verde é aplicado quer em elementos da arquitetura quer nas vestes.

Dada a qualidade da cor analisada, este pigmento foi possivelmente obtido a partir de uma planta como a Indigofera tinctoria, vinda de destinos longínquos como a Índia. É usado para modelar o azul de lápis-lazúli e criar o verde 2. É ainda utilizado para criar as sombras das vestes de pau-brasil.